PÁGINAS

domingo, 26 de junho de 2011

IDENTIDADE PARA OS GATOS PARDOS - ADILSON VILLAÇA

Identidade para os gatos pardos, de Adilson Villaça: os negros e mestiços como minoria ao mesmo tempo étnica e social. No caso de Identidade para os gatos pardos, há vários contos em que o preconceito em relação a personagens negros se explicita. Em “Boca de forno”, por exemplo, se lê o seguinte: “Preto não nasce, aparece. Disse o chefe de polícia. Eu vou à forra. Sei lá onde ta meu povo?”. O próprio título da antologia, que é também o título de uma das histórias, indica à necessidade de se considerarem as subjetividades dos cidadãos, que, quando negros, são tomados como se possuíssem uma mesma identidade: “de noite, todos os gatos são pardos  (provérbio da democracia racial brasileira)”, já diz, ironicamente, a epígrafe do livro. A contemporaneidade do preconceito étnico mostra o quanto resta da herança escravagista. No conjunto de contos, Villaça denuncia não apenas a minoria étnica, negros e mestiços, mas como esta minoria é discriminada também em seu aspecto econômico-social. Reflete, portanto, sobre as tensões em que vive esse grupo, vítima, duplamente, de preconceitos.

(Lucimar Simon)

domingo, 19 de junho de 2011

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA - JOSÉ SARAMAGO

Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago: Ensaio sobre a cegueira  é uma narrativa alegórica que reflete, por meio da metáfora da “cegueira branca”, sobre o embrutecimento da sociedade contemporânea. As pessoas, subitamente, perdem a visão e percebem sua fragilidade e dependência da solidariedade das outras que, por sua vez, demonstram sua indiferença. O candidato deverá escolher um dos personagens do romance (a mulher do médico, o médico, o garçom, o ladrão de carro, a garota de programa, a esposa japonesa entre outros) e, a partir de sua  atuação na narrativa, refletir sobre o tema proposto pelo autor: a falência da sociedade ocidental, “cega” aos valores éticos básicos de um processo civilizatório saudável e lúcido: justiça, solidariedade e equilíbrio social.

(Lucimar Simon)

domingo, 12 de junho de 2011

DESVELO DE QUINTANA

Mário de Miranda Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Nasceu em Alegrete na noite de 30 de julho de 1906 e faleceu em Porto Alegre, em 5 de maio de 1994. Considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal.

Eu definiria em poucas palavras e assim as são. Velhos são os jovens pensamentos, jovens são os velhos amigos que sonham velhos são os passos deixados de lado, jovens são os meninos de mais de sessenta que caminham a beira mar. Tão velho como contemporâneo de tudo fala este texto. Tão antigo quanto novo nos revela a idade cronológica do modo de pensar a vida. Isso eu comentei em um blog, agora falar sobre Mario Quintana em um texto meu torna-se um brio e difícil trabalho, para não simplificar é muito difícil falar de qualquer escritor desta geração que tanto contribuiu para as seguintes levas de escritores e amantes da bela literatura.

“Bilhete”
“Se tu me amas, ama-me baixinho. Não o grites de cima dos telhados. Deixa em paz os passarinhos. Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...” (Mario Quintana).

(Lucimar Simon)

domingo, 5 de junho de 2011

BOCA DO INFERNO - ANA MIRANDA

Boca do inferno, de Ana Miranda: Boca do Inferno é um romance histórico que tem por base a vida do escritor Gregório de Matos, como indica a alcunha no título da obra, e de seus poemas, mas, sobretudo, é um romance que traça um grande painel da vida na Bahia do século XVII, incluindo-se neste painel os costumes e a linguagem da época, as lutas pelo poder e as perseguições políticas, a influência da Igreja e de Portugal, os hábitos e a cultura em geral. Há numerosos personagens importantes, a partir dos quais se pode detectar e avaliar toda esta conjuntura. Além de Gregório, o candidato poderá escolher para análise o Padre Antônio Vieira, cujos textos incomodavam os poderosos daquém e dalém mar; Antônio de Sousa Menezes, o governador autoritário de alcunha Braço de Prata; a família Ravasco, Inimiga feroz do governador; Maria Berco, figura feminina ímpar e amante do poeta; ou algum outro personagem envolvido na trama de lutas, crimes, desmandos e corrupção generalizada da cidade de Salvador.

(Lucimar Simon)